O fechamento de empregos formais em 2016 foi o maior dos últimos 40 anos, mas com a retomada da economia do país, o mercado de trabalho já dá sinais claros de recuperação. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2016 mostram que o país perdeu 2,001 milhões de postos de trabalho com carteira assinada no ano passado devido aos efeitos da crise econômica. Por outro lado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) já aponta uma realidade diferente para 2017.
No acumulado de janeiro a setembro, foram criados 208.874 postos de trabalho com carteira assinada, sendo que apenas em setembro, o saldo positivo foi de 34.392. Tanto o desempenho no mês quanto no ano são os melhores para o período desde 2014. “O resultado da Rais é desse ciclo vicioso. Houve reversão”, explicou o coordenador -geral de estatística do trabalho do Ministério do Trabalho, Mario Magalhães.
Magalhães evitou fazer projeções sobre se o país encerrará o ano com geração líquida de emprego. Segundo ele, há sinais de que teremos resultados expressivos de criação de empregos em outubro e novembro devido à retomada da economia. “Dezembro é de sazonalidade para baixo devido ao ajuste das contratações temporárias”, contou.
“Impossível fazer previsão no mercado de trabalho”, frisou. “O mercado de trabalho é uma caixinha de surpresa”, complemento. Ele explicou que é preciso esperar para ver se o acumulado do ano é suficiente para compensar a sazonalidade de dezembro.
Em setembro, o emprego foi puxado pelo setor da indústria e comércio, responsáveis pela geração líquida de 25.684 e 15.040 postos de trabalho, respectivamente. Em 10 dos 12 subsetores da indústria houve resultado positivo no emprego, o que mostra que a recuperação é disseminada. “Não é coisa conjuntural puxado o resultado, mas um movimento geral de recuperação econômica”, contou.
O coordenador-geral disse que era esperado que os setores da indústria e comércio puxassem o aumento do emprego no último trimestre devido à proximidade do fim do ano. Na construção civil. foram geradas apenas 380 vagas em setembro. Por outro lado, o segmento que mais se retraiu no mês passado foi a agropecuária (-8.372). “A indústria é o grande destaque de setembro”, afirmou Magalhães.
A região Nordeste foi a que mais gerou emprego. Do saldo líquido de 34.392 de postos de trabalho formal em setembro, 29.644 foram no Nordeste, seguido pela região Sul (10.534) e Norte (5.349). Já as regiões Sudeste e Centro-Oeste tiveram redução, respectivamente, de 8.987 postos e 2.148. “Nordeste não estava acompanhando a recuperação da economia, mas o resultado positivo é de se comemorar”, frisou.
Já a Rais, que traz dados mais completos sobre o mercado de trabalho, mostrou que o emprego formal diminuiu 4,16% no Brasil em 2016, com o fechamento de 2.000.609 de postos. O estoque de empregos somava 46.060.198 em 2016, contra 48.060.807 no ano anterior. “É pior saldo da série histórica da Rais desde 1976”, disse Magalhães.
Os setores econômicos de maior peso na estrutura do emprego foram os Serviços (36,3%), comércio (20,1%) e a administração pública (19,2%). A Rais também mostrou que houve saldo negativo de empregos formais tanto entre homens quanto mulheres. Em 2016, o saldo negativo de postos de trabalho entre os homens foi de 1,264 milhão. Já entre as mulheres a diferença negativa foi de 736.5 mil. No caso do salário médio dos trabalhadores, houve alta de 7,8% de 2015 para 2016, para R$ 2.852,62.
Fonte: Valor Econômico