O presidente do Seac-RJ e do Conselho Empresarial de Serviços Terceirizáveis (Cest), Ricardo Garcia, participou nesta segunda, dia 04, do seminário “Ameaças de aumento de impostos e seus impactos sobre as empresas”, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio). Em seu discurso, Garcia fez um apelo ao governo em exercício por um basta ao aumento da carga tributária e alertou que cerca de dois milhões de trabalhadores podem perder emprego em um ano.
“O setor de serviços não aguenta mais aumento de impostos e precisa ser encarado com mais responsabilidade pelas autoridades desse país. Temos que impedir esse novo reajuste, pois vai gerar mais dificuldades para o setor e, possivelmente, a falência de empresas e o aumento do desemprego. É uma situação que absolutamente não queremos para o país. Deixem-nos trabalhar em paz e seremos importantes colaboradores para transformar o Brasil numa grande nação”, declarou.
O encontro reuniu representantes e empresários que atuam no setor de comércio e serviços para discutir o aumento da carga tributária proposto pelo presidente em exercício, Michel Temer. Com a chamada estratégia de “simplificação” do PIS e Cofins, a alíquota, hoje entre 3,65% e 9,25%, será unificada em 9,25% para todos os tipos de empresas. Em contrapartida, o governo oferece desconto em compras de matéria-prima de fornecedores, mas segundo Ricardo Garcia, a medida favorecerá muito pouco o setor de serviços.
“As empresas de serviços possuem contratos de longo prazo e a sua maior matéria-prima é a mão de obra. Qualquer aumento de imposto impacta muito na saúde financeira dessas empresas, pois elas não podem repassar o aumento para o cliente”, afirmou.
O setor de serviços representa quase 70% do PIB e emprega 15 milhões de trabalhadores, o que corresponde a 1/3 dos empregos formais do país. Comércio e serviços juntos são responsáveis por 73% do PIB e 65% da mão de obra ativa.
O presidente do Cest e do Seac-RJ alerta também para a necessidade do governo adequar a legislação tributária às necessidades específicas do setor.
“As autoridades precisam enxergar os serviços como personagem fundamental da engrenagem do país. Esse é certamente o setor que reagirá mais rápido ao retorno de contratação de mão de obra, por sua capacidade de geração de empregos. Mas os empresários estão estagnados e com dificuldade de articulação política. Como representam, em sua maioria, pequenas e médias empresas, acabam sendo preteridos em relação à industria”, observou.
Pesquisas internacionais do Banco Mundial, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Fórum Econômico Mundial já alertam que o Brasil precisa melhorar o ambiente de negócios e assim gerar novas condições para a retomada do crescimento. Para Garcia, a proposta do governo em exercício de aumentar impostos é mais um indício de que o país precisa urgentemente da reforma tributária.
“Nessa longa jornada como empresário e líder da classe, tenho acompanhado e vivido os problemas que os empresários brasileiros enfrentam: legislação trabalhista atrasada, juros bancários abusivos e burocracia sufocante e onerosa”, disse. “Um país que a cada dois anos tem que fazer um novo Refis é sinal de que está doente. A reforma tributária é urgente”, acrescentou.