Apesar do aumento das incertezas decorrentes da crise política que ameaça o mandato do presidente Michel Temer, indicadores mostram que não houve forte estrago na atividade econômica. Em junho, impulsionado pela redução da inflação e dos juros, o consumo deu mostras de melhora. Em julho, os sinais também revelam continuidade da recuperação, embora ainda lenta.
O economista Luiz Castelli, da GO Associados, calcula, com base em dados da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de automóveis, que no mês passado as vendas de veículos aumentaram 1,8% em relação a maio, já retirando da comparação os efeitos sazonais. Seria a quinta alta consecutiva. Já o movimento nas lojas, calculado pela Serasa Experian, avançou 1,2% sobre maio.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou ontem que as vendas reais do setor aumentaram 2,71% em junho, quando comparadas ao mesmo mês de 2016. Com ajuste sazonal calculado pela Tendências Consultoria, a alta foi de 1,6%. A Tendências estima que o varejo restrito – que exclui automóveis e material de construção – cresceu 0,5% em junho, enquanto as vendas ampliadas avançaram 2%, impulsionadas justamente pela venda de veículos.
Na indústria, os dados de junho sugerem que teria havido retração. Em julho, porém, parte dessa perda pode estar sendo revertida, segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), que baseia essa percepção na tradicional sondagem que faz com o setor. Neste mês, até a quarta-feira passada foram licenciados em todo o país 146 mil veículos. Como os três últimos dias de todos os meses costumam ser mais fortes, fontes da indústria calculam que julho terminará com a venda de 181 mil unidades. Se confirmado, esse número representará um avanço de 3,4% em comparação a julho de 2016.
Para a LCA Consultores, a atividade continuou a apresentar sinais de melhora no segundo trimestre. “Diversos indicadores coincidentes da atividade têm mostrado continuidade da tendência de recuperação (ainda que lenta e irregular)”, diz relatório da consultoria. Essa trajetória é mais evidente entre os índices de consumo.
Fonte: Valor Econômico