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Setor de serviços tem maior concentração de MPEs inadimplentes

Mesmo com inflação e juros cadentes e os sinais de recuperação da economia, o cenário para os pequenos negócios ainda revela fragilidades. A inadimplência, por exemplo, manteve crescimento nos últimos meses, afetada pela retomada mais lenta em serviços, setor que concentra um contingente grande de MPEs. Em outubro, o número de micro e pequenas empresas inadimplentes chegou a 4,9 milhões, maior patamar desde março de 2016, segundo estudo da Serasa Experian – que passou a ser feito naquele mês. Em relação a outubro do ano passado, o salto foi de 12,5%.

Do total de inadimplentes, a maior fatia (45,6%) é formada por prestadoras de serviços, enquanto comércio responde por 45,2%, indústria tem 8,8% de participação e o restante (0,4%) se refere a outros setores. O estudo considera micro e pequenas empresas companhias com faturamento anual de até R$ 4 milhões. “A recuperação da economia não tem sido homogênea. Foi liderada pelo agronegócio e agora mostra sinais no varejo, com alguns respingos na indústria. Já o setor de serviços é o último vagão a andar”, avalia Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. Ele lembra que, há cerca de um ano e meio, o total de micro e pequenas empresas inadimplentes era de 4 milhões ou quase 1 milhão a menos que o número de outubro.

Nos dois anos de retração econômica, os pequenos empreendedores sofreram com a redução na receita e tiveram dificuldade para equacionar as contas. Tomar empréstimos bancários se tornou uma tarefa árdua. Os grandes bancos enxugaram os negócios com empresas de menor porte. “Diante do crédito escasso e caro, muitas empresas ficaram inadimplentes ou chegaram à falência. Agora, já se vê uma melhora, mesmo que devagar, na concessão de crédito”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.

Além da torneira do crédito mais apertada, as pequenas empresas sentiram forte pressão no caixa ao longo da recessão por erros na gestão financeira, analisa Paulo Cereda, gerente regional do Sebrae-SP. “Em período de crise, os negócios de menor porte se endividam muito mais rapidamente, vão usando tudo o que têm na mão, sem conseguir diagnosticar o problema”, afirma. Segundo ele, em meio à tempestade, os empreendedores acabaram sacrificando capital de giro. “Muitas vezes, o empresário de pequeno porte administra as contas da companhia como as finanças pessoais.”

Do ponto de vista macroeconômico, tudo indica que o pior já passou, diz David Kallás, professor de estratégia do Insper. “Quem conseguiu sobreviver à tempestade pode esperar um futuro mais interessante no sentido de reorganizar as dívidas”, diz. Ainda que o horizonte se mostre favorável com a melhora da confiança, não dá para esperar um céu de brigadeiro em 2018.

Já as empresas inadimplentes podem aproveitar os juros menores para renegociar as dívidas junto aos credores. Esse processo já começou, mas de maneira lenta, afirma Rabi. De acordo com ele, as micro e pequenas empresas em situação de inadimplência costumam ter, em média, 11 credores diferentes. Elas já começaram a priorizar os bancos e esse número tem caído, o que significa que algumas dívidas começaram a ser quitadas.

Fonte: Valor Econômico

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